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User:Miltonlemke

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Biografia

 A história de um jovem colono que se torna jornalista 

A história de vida sobre a qual vou falar começou no dia 1º de novembro de 1963, num ensolarado fim de tarde de uma sexta-feira, tempo em que o majestoso dourado dos trigais exibe toda sua exuberência nos vales, montes e campos da região Sul país. Não obstante, quem nasce nesse lindo perído primaveril, de acordo com estudos de pesquisadores, estará mais sujeito a ser um indivíduo deprimido do que quem nasce em outras épocas do ano. Cada um de nós tem sua história de vida, todas podem servir de exemplo, tanto para o bem como também eventualmente para o mau. A trajetória da biografia que conto a seguir pode servir de inspiração para muitas pessoas que vivem reclamando da má sorte na vida, que são aliás sempre aquelas que pouco ou quase nada fazem para mudar o seu status quo e o seu destino. É mais fácil permanecer na inércia e no comodismo e, acredite, muitas dizem impensadamente que nasceram para o infortúnio e, o mais incrível ainda, tem gente que chega ao absurdo de afirmar que não serve para nada e que vida é assim mesmo. É bom lembrar que a maior parte dos grandes NOTÁVEIS da história da humanidade saiu das profundezas da miséria. Não se esqueça: é na forja que o ferro toma forma.

Bem, contar uma história, muitas vezes pode parecer algo chato. Para que fique mais atraente e mais interessante de ler, vou tentar descrevê-la em ordem cronológica, uma narrativa propriamente dita. Para isso eu convido você para fazer um exercício de imaginação, se insira no texto, assuma o personagem, pense... Vamos fazer uma pequena viagem. Imagine agora um lugar bem no interior, bem longe da cidade, um local de fato isolado. Pense em uma família bastante pobre, quase miserável, com pouquíssimos recursos disponíveis. Imagine um casal, recém unidos pelo enlace matrimonial, ainda jovem, começando a vida em uma área rural no início da década de 1960. Apesar de todas as dificuldades e da falta de infra-estrutura, o casal logo tem um filho, o primeiro de muitos, 8 ao todo. Mesmo com poucos recursos, consegue comprar 12 hectares de terra, que são pagos em longas parcelas para dar sustento para a futura grande família. Os anos vão passando, o número de filhos vai aumentando. O mais velho já “crescidinho”, agora já pode ajudar os pais nos afazeres do dia-a-dia inclusive cuidar dos irmãozinhos.


Um estrangeiro nascido no Brasil Os anos vão passando. Não se esqueça de que estamos no interior. Lá o trabalho é duro, ainda mais em épocas em que os recursos são escassos. O filho mais velho da família além de trabalhar e cuidar dos irmãozinhos, também vai para escola, mas tempo para estudar praticamente não sobra, pois precisa ajudar nas diversas atividades na propriedade da família. Os pais também não condições tem oferecer muita ajuda para fazer o tema de casa, pois são praticamente analfabetos. Um outro fator complicador para o bom desenvolvimento dessa criança é a língua, pois apesar de morar no Brasil, a língua oficial falada nessa família é a alemã. O que causa um grande inconveniente ao franzino menino. Imagine o primeiro dia de aula o tamanho do constrangimento. A professora pergunta então ao novo aluno de cabelo loiro e olhos verdes vestindo camiseta branca, bermuda azul e conga, uma espécie de tênis, qual é seu nome? O “alemão” nada responde. Responder como, se não é capaz de compreender uma só palavra! Como a professora não domina a língua européia, a comunicação só se estabelece com a ajuda de um outro aluno que serve como intérprete depois de aproximadamente dez tentativas frustradas. A língua portuguesa até então é algo absolutamente desconhecido, para aquele kleine jung, isto é, pequeno menino em alemão. Sendo assim, o primeiro ano escolar do primário só serve para aprender o Português, tendo que repetir o ano.

O medo de gente, fobia social O tempo, esse implacável fenômeno vai passando e muitas vezes não é mais possível recuperar o período perdido. As dificuldades da família continuam. O filho primogênito daquela ainda imatura família agora já entra na fase da adolescência. O jovem assaz tímido, quase não sai de casa, nem mesmo conhece a cidade mais próxima, que fica apenas a cerca 20 quilômetros da residência da família. É tão tímido que chega a ter certa fobia social, tem medo até das visitas, especialmente se for alguém fora de seu relacionamento habitual. A vergonha e o medo são sentimentos tão fortes, que em caso de uma visita de uma pessoa estranha é capaz de se esconder em baixo do porão da casa, tudo para não falar com os forasteiros, tamanho é seu constrangimento. Imagine só, ao completar 17 anos, hora de fazer o alistamento militar para um rapaz dessa faixa etária, para ir a cidade o pai tem de acompanhá-lo, pois o mesmo, como praticamente nunca foi para urbe não sabe ir sozinho. Os anos continuam passando, aquele jovem aos poucos vai se tornando um adulto, assim como a exemplo dos pais, é semi-analfabeto, sabe ler e escrever, mas não é capaz de interpretar o que lê. Sua falta de desembaraço tem um agravante: por ser de descendência austríaca e alemã, fala com um carregado sotaque alemão e em função disso aumenta ainda mais o seu medo de se expor oralmente em público, sob o risco de alguém o satirizar devido a sua dificuldade de pronunciar certas palavras da língua Portuguesa.

A música muda o destino de um jovem agricultor Mas, continue pensando comigo, apesar de todas essas circunstâncias impondo limites, aquele jovem lá dos confins do interior, também é um ser humano e, como tal tem seus sonhos e suas ambições. Pois então, pense que um dia esse jovem resolve dizer que a vida dele não é essa, e decide então ser músico, uma antiga aspiração ainda do tempo de infância, de fato um sonho incontido. Por incrível que possa parecer, depois de apenas três meses de aula de violão, este sonhador já toca em uma banda de baile. Apesar de ter comprado o instrumento musical quatro anos antes, mas que por falta de professor na região não consegue aprender para fins profissionais. Os vizinhos e parentes ficam admirados com um misto de espanto e de certa forma se questionam, pois não há na família alguém que tenha sido músico. Como se fala na linguagem mais coloquial, não está no sangue, como pode então ter afinidade com música, pois diz a crença popular que vai ainda mais longe: a música tem de estar na genealogia, mas como não há esse elemento genético presente na origem desse jovem, o talento dele com a música causa certo ceticismo.

Esse é o começo de uma grande guinada na vida desse jovem agricultor. Mesmo com parcos conhecimentos, pouca instrução escolar e parcimonioso de prosa, começa a enfrentar a cruel realidade do mundo. Aos 21 anos deixa o campo, começa a se dedicar aos estudos, faz o supletivo para completar o ensino fundamental e continua investindo na sua carreira de músico, se torna guitarrista e contrabaixista. Guitarra e contrabaixo são os instrumentos de sua preferência e apesar da sua timidez é também vocalista da banda. Logo desperta interesse e recebe muitos elogios, principalmente pela sua voz. Canta afinado e tem um belo timbre. Mas, as dificuldades continuam. A filosofia do agora músico é simples: quanto maior o esforço, maior a recompensa. “A indescritível beleza vista o alto do horizonte, só é desfrutável para quem supera o alcantilado do calvário” Milton Wanderlei Lemke

 

Vencendo complexos e preconceitos Insira-se no contexto e continue imaginado. A vontade de vencer e crescer do jovem lutador não pára. A cada novo dia transpõe mais uma barreira, mais um obstáculo. Mesmo ainda com um enorme sentimento de complexo de inferioridade e baixa alto-estima, com dificuldades a toda prova. Os recursos que provém da música são limitados, mas ele não desanima e segue persistindo com seus ideais e propósitos. O tempo não pára, mas os progressos vão aparecendo, não, no entanto como num passe de mágica. O resultado vai surgindo gradualmente, passo a passo. Quem conhecia o então tímido e calado adolescente lá do interior, agora já quase nem o reconhece e se surpreende, quanta mudança! Enquanto que os seus colegas e vizinhos, na grande maioria ainda continuam com o mesmo modo de vida. Agora imagine este rapaz de família humilde lá do interior: ele possui tanto força de vontade para lutar, persiste tanto na vida, que consegue superar dificuldades quase impossíveis de serem suplantadas. Aquele matuto, agora já começa a ser respeitado na sociedade. Já finalizou o ensino médio, também feito através de um sistema de supletivo (ao em vez de 3 anos, feito um ano e meio em escola privada). Ainda não tem as condições financeiras ideais para freqüentar uma universidade, mas aproveita então os poucos recursos lhe sobram para aprender línguas estrangeiras: Alemão e Inglês. Devido a sua incansável dedicação, aprende com relativa facilidade. Para encurtar a história, hoje tem fluência em três idiomas, possui graduação em comunicação Social, conquistada a duras penas, é bom que se diga. Conhecendo o agora já senhor, com formação superior, radialista bem sucedido e ministrante de cursos de expressão verbal, nem de longe pode se imaginar as adversidades vencidas por este cidadão, ex-colono. É como diz um velho ditado: você pode se tornar forte, exatamente no seu ponto mais fraco, só basta querer. Como disse Thomas Edison, para ser bem sucedido na vida, você precisa de 99% é transpiração e 1% inspiração.


O personagem sobre quem estou falando, sou eu.Pois bem, em resumo, esta história de quem estou contando, é a minha. Como está no intróito deste texto, eu nasci no dia primeiro de novembro, no interior do município de Concórdia, Oeste de Santa Catarina, num lugar chamado de Linha Kaiser. Com um ano de vida meus pais foram morar numa outra comunidade chamada de Linha Sertão, também no município de Concórdia, onde passei toda minha infância e adolescência. A escola, a igreja, a loja de secos e molhados e o salão de festas e bailes, ficavam numa vila a cerca de três quilômetros de nossa propriedade, chamada de Rancho Grande. Hoje moro e trabalho na cidade Seara, Santa Catarina, cerca 500 quilômetros de Florianópolis. Trabalho na área da comunicação social. Sou radialista, jornalista e professor. Casado com Sandra Lúcia de Lima. Eu e ela estamos juntos há quase 15 anos. Ainda não temos filhos. A Sandra é professora de língua estrangeira e Português. Considero-me uma pessoa equilibrada, sem vícios. Meu ponto forte é nunca desistir dos meus projetos de vida. Um ponto negativo, talvez seja o excesso de perfeccionismo, mas que já estou conseguindo evitar aos poucos.

Milton Wanderlei lemke, um exemplo de superação Além de registrar a minha história, eu acredito que ela pode servir de exemplo de superação e de incentivo para muitas pessoas. Como os grandes heróis da humanidade nos ensinam: o caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez quando tudo parece estar perdido, é acreditar, e lutar até o fim. Eu espero que você nunca desista de seus sonhos de vida, por mais que possam parecer impossíveis e distantes. Devemos sempre persistir mais um pouco. Acreditar com toda força, ter paixão por aquilo que se faz e ter fé em Deus. Obrigado pela leitura volte sempre!

Jornalista Milton Wanderlei Lemke 15 anos de atuação na área de comunicação social. Experiência como âncora de programas jornalísticos, reportagem esportiva. Comentarista esportivo. Apresentação de programas de entretenimento. Produção de textos jornalísticos e comerciais. Gravação de spots comerciais e institucionais. Apresentador/entrevistador. Reportagem e redação em jornalismo impresso. Professor de idiomas em escola estadual e pela Wizard Idiomas do Brasil. Instrutor de oratória e comunicação. Atuação nas editorias de política, econômica, cultural e esportiva. Coordenador de jornalismo da rádio Belos Montes AM de SC. Responsável pela apresentação de programas jornalísticos na emissora. Responsável pela elaboração de pautas e produção de programas de variedades. Produtor e apresentador de um programa de entrevistas estilo Talk-show em TV a cabo entre 2001 a 2003 TV Concórdia, canal 21. Professor de oratória pelo Senac.




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