DescriptionMinC entrega primeiro Mapeamento de Terreiros do DF (41930524282).jpg |
Em uma grande festa, que reuniu pais e mães de santos e praticantes de umbanda e candomblé, o Ministério da Cultura (MinC), por meio da Fundação Cultural Palmares (FCP), lançou nesta quinta-feira (3), em Brasília, o 1º Mapeamento dos Terreiros do Distrito Federal, que constatou a existência de cerca de 330 terreiros na capital do País.
Com música e ritual de lavagem (purificação), o mapeamento dos terreiros no Distrito Federal foi celebrado por centenas de pessoas no Museu de República. Resultado de uma articulação do MinC e da Palmares com parlamentares, o levantamento, desenvolvido em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), atende a uma reivindicação antiga das entidades religiosas e da própria Fundação Palmares.
O presidente da Fundação Palmares, Erivaldo Oliveira, destacou que o mapeamento é uma grande vitória do povo de terreiro. "Hoje é um dia festa, de entrega. Efetivamente, nós sabemos quantos somos e onde estamos. Ocupamos um espaço que vai permitir a criação de diversas políticas nas áreas de saúde, cultura, educação, segurança pública e até mesmo na regularização fundiária desses terreiros. Cada vez mais precisamos fortalecer esses espaços, que é um lugar da paz, do sagrado", afirmou.
Oliveira destacou o apoio do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, à realização do mapeamento e às religiões de matriz africana em geral. Adiantou que a intenção da Palmares é levar esse projeto-piloto para todo o País, buscando apoio e parcerias com governos estaduais e parlamentares.
O ministro Sérgio Sá Leitão, que cumpre agenda oficial no exterior, foi representado no evento por sua chefe de gabinete, Cláudia Pedrozo. Ela enfatizou que o mapeamento do DF é um importante passo rumo à documentação da cultura afro-brasileira. "O MinC aposta que, quanto maior for a visibilidade da cultura afro-brasileira, mais perfeita será a preservação da nossa história. O levantamento feito em todo o DF amplia o reconhecimento e a valorização da cultura local e nacional", defendeu.
Em nome do ministro da Cultura, Cláudia Pedrozo afirmou ainda que o MinC entende que os terreiros têm um alto impacto social, na medida em que, por meio de suas práticas, promovem a difusão das tradições religiosas afro-brasileiras e a migração de conhecimento para outras gerações.
Coordenador da pesquisa, o professor Rafael Sanzio, da Universidade de Brasília (UnB), afirmou que o mapeamento dos terreiros é uma ferramenta importante porque traz à luz um Brasil invisível secularmente, e que não aceita mais não ser visível. "O levantamento mostra os terreiros de matriz africana no Distrito Federal, que é um território de todos os brasileiros. Por sua complexidade e diversidade, o mapeamento é a cara do Brasil. A expectativa é que o trabalho traga boas referências para o desenvolvimento de políticas públicas. Esse mapa estava há cinco séculos esperando para ser feito", declarou.
3.5.2018
Fotos: Clara Angeleas/MinC |